Paralisação dos peritos do INSS chega a 45 dias e mais de 600 mil perícias foram canceladas no Brasil. Por causa disso, segurados estão sem receber.
A greve dos peritos do INSS chega a 45 dias e provoca transtornos enormes na vida de brasileiros que enfrentam problemas graves de saúde e estão afastados do trabalho. Mais de 600 mil perícias foram canceladas no Brasil inteiro e os segurados estão sem receber.
Rose e Rosa não se conhecem. Nunca se viram; moram em cidades diferentes. Rose não sabe que a Rosa existe e a Rosa não sabe que existe uma Rose que está passando pelo mesmo sufoco que ela.
Ano passado, as duas pararam de trabalhar por problemas de saúde e passaram a receber pelo INSS. “Qualquer movimento eu sinto muita dor, estou com dor mesmo à base de remédios”, diz a educadora social Rosilene Santos.
Em setembro, o dinheiro parou de entrar na conta da Rose e na conta da Rosa. O pagamento foi suspenso porque elas não fizeram a perícia obrigatória pra renovação do benefício. E não fizeram porque os peritos estão em greve.
“Eu fui informada de que como a minha perícia não tinha sido feita, eles não poderiam dar todo o valor do meu benefício”, afirma Rosilene Santos.
São nove remédios. O médico deu um: amostra grátis. Faltam oito e o dinheiro que sobrou na conta da Rose não dá para todos. “Se eu não melhorar com esse tratamento, eu vou ter que fazer a oitava cirurgia. Está difícil e complicado. Estou contando com a ajuda de Deus e da família”, diz.
A Rosa tem câncer de mama. Sem o benefício, conta só com a ajuda do marido. “Até hoje eles não me atenderam e nem me ligaram para poder falar, que a gente precisa porque a gente tem gasto, tem tudo. E meu marido sozinho não dá conta”, relata a doméstica Rosa Maria de Jesus.
Nesta segunda-feira (19), a greve dos peritos completa 45 dias. Sobre os números da paralisação, cada lado diz uma coisa: O INSS diz que 54% das perícias estão sendo realizadas. O Sindicato dos Peritos diz que são apenas 30% e que mais de 600 mil agendamentos já foram cancelados.
Um deles foi o da Blanche, que tentou remarcar a perícia por telefone, orientação do INSS.
Não conseguiu. Foi pessoalmente ao posto para ver se dava certo e só conseguiu data pra dezembro.
“Eles prometeram que ninguém seria prejudicado por conta da greve. Eu já estou sendo porque não recebi meu salário, só recebi 11 dias”, afirma a bancária Blanche Bouzas.
Além do auxílio doença, a greve dos peritos prejudica também quem vai dar entrada no pedido de aposentadoria. No fim de setembro, os servidores do INSS encerraram uma greve que durou mais de dois meses. Mas os peritos decidiram manter a paralisação. Eles pedem formalização da jornada de 30 horas, fim da terceirização dos peritos e reposição salarial.
“O impacto é muito grande, mas nosso compromisso efetivo foi o de manter 30% do quadro dos médicos peritos no âmbito de cada gerência. Muitos não estão sendo atendido por falta de gestão da própria instituição INSS”, diz o diretor da Associação de Médicos Peritos, Luiz Carlos Argolo.
O INSS diz que está negociando com a categoria e que vem tomando todas as medidas possíveis para minimizar os impactos da greve. Que estão sendo sentidos por milhares de brasileiros. Muitos como a Rose dizem que não pedem um favor: querem um direito.
“Eu estou doente, eu tenho uma filha menor de 8 anos que também depende dessa renda, eu preciso desse tratamento, e se eu não recebo o meu pagamento eu não tenho como me tratar”, afirma Rosilene Santos.
O ministério do Planejamento informou que está avaliando os pedidos dos grevistas e que apresentou uma proposta de negociação. O INSS disse que vai considerar a primeira data agendada para perícia no cálculo dos benefícios.
O Ministério Público Federal, no Rio, abriu inquérito e está cobrando que haja prioridade nos casos de urgência.
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/10/greve-dos-peritos-do-inss-gera-transtornos-para-afastados-do-trabalho.html
